Está patente ao público até 31 de Agosto, no Museu da Vila Velha, a exposição "Intemporal", de Nadir Afonso.
Trata-se da primeira exposição de Nadir Afonso em Vila Real. Concebida especificamente para este espaço, a exposição exibe obras representativas dos últimos 20 anos de actividade de Nadir Afonso, tendo como temática as cidades e as mulheres.
Segundo Nadir, "'O ser a partir do não ser'. Já passei os noventa anos e nunca me empenhei tanto como hoje em expressar aquilo que sinto. Li em variadas fontes científicas, por insistência em procurá-las, que “o não ser pode induzir a causa inicial da existência do ser”. A história do “ser a partir do não ser” é fácil de compreender. Os tratados de cosmologia abundam e tantos disparates descreveram (fenómenos acidentais são tomados como leis gerais da natureza), tão complexo se tornou o conceito de universo – “espaço-tempo a quatro dimensões”, “o tempo dilatado”, “a curvatura do espaço”, “o big-bang”, “a lua só existe quando eu a vejo”, etc., etc. – que apenas havia uma saída à altura destas concepções: “ o universo cósmico nasceu do nada”. Para responder a esta conclusão da ciência, permito-me contar o que foi a minha vida. Trabalhei obsessivamente na criação de uma obra de arte. Este trabalho intenso alertou-me para a irmandade que encontro entre arte e cosmologia e para a certeza que a evolução se encaminha para a entidade matemática única da arte. Os estetas consagrados visam a perfeição, a originalidade, a evocação mas desconhecem a essência primordial do universo: a exactidão. A exactidão que só os seres hipersensíveis que manipulam as formas estão em condições de atingir e só a mais pura sensibilidade se empenha em gerar: a lei converte-se em forma material sem auxílio da razão e sem explicação… mediante impulsos de energia. A precisão é imanente da forma do objeto e extremamente difícil de sentir: toda a forma visa a sua exactidão: é a lei essencial do universo."