HISTORIAL

O Museu da Vila Velha constitui-se como o corolário das campanhas arqueológicas levadas a cabo nos últimos anos na Vila Velha. Os trabalhos desenvolvidos deram já resultados, de uma dimensão inimaginável para o público em geral. No entanto, pretende-se que esses mesmos trabalhos continuem, contribuindo assim para um acumular de informação - e de acervo - que terá como consequências mais evidentes as exposições a realizar pelo Museu da Vila Velha. Ao mesmo tempo, pretende-se aumentar o número de áreas arqueológicas visitáveis, para além das já existentes - estrutura das Portas da Vila e vestígios de malha urbana na Rua de S. Dinis.

A organização do espaço interior do Museu, com a distribuição de espaços por dois pisos, permite a definição de duas áreas expositivas: no piso inferior, uma área dedicada a exposições temporárias, de temática diversa; no piso superior, uma área para a realização de exposições de média duração, preferencialmente relacionadas com a arqueologia.

A primeira exposição concebida para o piso superior do Museu intitula-se Vila Velha - Novas Memórias. Trata-se de uma primeira abordagem à ocupação do território da Vila Velha, reconhecido pela generalidade da população de Vila Real como o local onde nasceu a vila, hoje cidade. Uma primeira abordagem, porquanto só uma ínfima parte dos resultados das escavações arqueológicas efectuadas se exibe. Uma das funções deste Museu será, de resto, mostrar ao público as várias fases do trabalho que o espólio arqueológico exige, não só através da sua exibição nas exposições, como também pelo acesso que a visita permite às áreas de trabalho, normalmente escondidas dos olhos do "visitante-tipo".

Vila Velha - Novas Memórias é uma exposição preparada para um público muito abrangente. Pretende-se captar a atenção do visitante comum, sem conhecimentos aprofundados sobre a temática da arqueologia. A população local é um público que se reveste de particular importância, não só porque revisita um local carregado de história (a Vila Velha) mas de igual forma porque tem, sobre tudo o que diz respeito a Vila Real, um sentimento de pertença que lhe aguça a curiosidade e o espírito crítico. Por outro lado, a atracção que a Vila Velha exerce sobre quem visita Vila Real de passagem - o turista, seja ele individual ou inserido em grupos, nacional ou estrangeiro - proporcionará, certamente, um grande número de visitantes ocasionais. Finalmente, é um objectivo assumido que a exposição seja visitada pelo público escolar, procurando-se desta forma participar na sua formação cívica, criando consciência para a importância da valorização do património, bem como para o papel que podem desempenhar para atingir esse objectivo.

A visita à exposição Vila Velha - Novas Memórias inicia-se no Átrio do Museu. A janela que permite vislumbrar o cemitério de S. Dinis e parte da Vila Velha é o ponto de partida para uma história que começa a ser contada através de um videograma, projectado no Auditório do Museu. Aí, o visitante tem um primeiro contacto com a fundação medieval de Vila Real, bem como com os trabalhos arqueológicos realizados na Vila Velha. Após passar mais uma vez pela grande vitrina natural que é a janela do Átrio, o visitante entra na sala de exposições, organizada em duas áreas distintas mas complementares.

Um primeiro momento pretende evocar o processo de fundação de Vila Real e as transformações operadas no antigo território de Panóias. À volta das Portas da Vila, entrada principal para a zona intramuros, três peças se destacam, funcionando como elementos agregadores do discurso, complementado por um friso cronológico e por mapas do território: a imagem escultórica de N. Sra. do Desterro, em granito policromo, supostamente do séc. XV, que outrora figurava num nicho da capela homónima, erguida sobre as Portas da Vila; um silhar que se integrava na estrutura das referidas Portas, com a particularidade de exibir as características medidas padrão a vara e o côvado - usadas em Vila Real e seu termo (elemento proveniente de um muro de suporte do Jardim da Carreira, para onde tinha sido transportado aquando da demolição das Portas); e um "Marco da Redonda", designação pela qual eram conhecidos os marcos graníticos que demarcavam os arrabaldes de Vila Real, tal como mencionado no foral de D. Dinis, datado de 1293. O estatuto de cabeça do antigo território de Panóias, que Vila Real garantiu, é simbolicamente representado por estes três objectos.

Após este primeiro momento, o visitante entra numa área de circulação aleatória, onde contacta de forma mais directa com os elementos arqueológicos, através de cinco núcleos distintos. O primeiro é relativo ao reconhecimento do valor arqueológico da Vila Velha - âmbito, natureza e extensão das intervenções arqueológicas realizadas pelo IPPAR (1996) e pelo recente Programa Polis Vila Real. Outro núcleo expositivo centra-se na percepção da Vila Velha como estrutura urbana medieval, nos seus elementos mais característicos, seja a muralha urbana, as portas ou os vestígios da alcáçova e do antigo urbanismo.Um terceiro núcleo dedica-se à percepção da Vila Velha como espaço dinâmico, encerrando uma longa história, onde se sobrepõem vestígios e valores patrimoniais de vários períodos, desde a Pré-História recente à Época Contemporânea.A ocupação Pré e Proto-histórica é tema para outro núcleo. O quotidiano das comunidades que habitaram este território é percebido através de um conjunto de instrumentos líticos, peças cerâmicas e objectos de adorno e prestígio, representativos de estatuto social ou de actividades como a fiação, a tecelagem ou a moagem de cereais.

Finalmente, num núcleo com carácter mais didáctico, procura-se desvendar princípios e processos do trabalho e da investigação arqueológica, tanto em campo como em gabinete. A mensagem remete também para as "descobertas" que ocorrem posteriormente, à medida que se sistematizam e relacionam os dados registados na escavação. Uma sequência de imagens exibidas em ecrã permite ainda acompanhar a dinâmica do processamento de uma peça arqueológica - neste caso um vaso em cerâmica - desde o momento da sua descoberta no terreno, em estado fragmentado, até à reconstituição e restauro, realizadas em laboratório. O visitante facilmente reconhece tratar-se de uma das peças presentes na exposição, percepcionando-a assim de uma forma diferente.

Com a exposição Vila Velha - Novas Memórias assinala-se um ponto de partida, na certeza de ver despertado o interesse e certamente a curiosidade em acompanhar a actividade do Museu e as Novas Memórias que a Vila Velha continuará a proporcionar.

desenho museu

O MUVV nasceu como Centro de Interpretação das campanhas arqueológicas que a Polis promoveu na Vila Velha e para outras que a curiosidade agora destapada fará insaciável.

O acesso público faz-se por escada exterior e elevador para o nível 2, desde pátio nascente em intimidade com as pedras remanescentes da muralha.

A organização espacial permite percursos alternativos de e para a recepção, atravessando em sequências diversas as três salas de exposição, o auditório e a biblioteca-multimédia.

A zona laboratório, com entrada autónoma para cargas e descargas será visitável no âmbito das actividades educativas.

O edifício é um volume pétreo e silencioso, aspirando a uma neutralidade arquitectónica que não colida com o processo de reconstituição histórica da textura urbana local. É um muro-perímetro, apenas perfurado de modo contundente sobre o cemitério romântico sobre a topografia dramática dos rios Corgo e Tourinhas.

Esta opacidade que elogia a raridade dos achados, é dobrada no interior pelo percurso sem fim de salas encostadas.

O museu demora-nos na ponte-mirante ou na rampa-escavada, expõe-nos de modo arcaico na escadaria-sem tecto. Este tempo-físico inicia-nos assim aos segredos antigos que se (re)constroem no laboratório arqueológico salas secretas transparentes que começam a pedagogia do museu.

António Belém Lima
Arquitecto

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